Em algum momento, os pais irão considerar a ideia de dar um celular ao seu filho. Se não for pelos apelos dos pequenos que se encantam com os sons e cores do aparelho, será pela sua própria necessidade de saber onde seu filho está.
Uma ideia a ser considerada é que a criança possa ganhar seu primeiro celular quando começar a viver suas primeiras experiências fora de casa, longe da presença de adultos conhecidos. Isso varia de acordo com a cultura e normas da família. Recomenda-se que o primeiro celular tenha um plano pré-pago, para que a criança se habitue e saiba lidar com um recurso limitado. Se nem mesmo alguns adultos conseguem lidar com o celular de forma comedida e cautelosa, não podemos esperar tal maturidade de uma criança ou adolescente. O limite deve vir dos adultos.
Na medida em que a criança cresce, os pais podem aumentar a liberdade no uso do celular. Ainda assim, o ideal são os planos limitados, através dos quais os pais podem ajudar seus filhos a desenvolverem mais o autocontrole. A mesma regra vale para o uso de todas as tecnologias: estipular horários e deixar claras as combinações, ouvindo as necessidades do filho. Quanto ao uso do celular na escola, é importante que os pais estejam por dentro das regras da instituição onde seu filho estuda. Os pais também são responsáveis pelo cumprimento das normas no ambiente escolar, por isso podem buscar conversar com outros pais, participar das reuniões e questionar. Geralmente, as dúvidas que surgem em relação ao uso das tecnologias e sobre educação são comuns a muitas famílias.
No que se refere ao uso das mídias digitais conforme a idade, não existe uma orientação única ou universalmente aceita. Vale ressaltar uma publicação de 2016 em que a Academia Americana de Pediatria recomenda que crianças menores de 2 anos não devam fazer uso das mídias digitais.
Os pais devem avaliar cada situação para identificar quando podem ser mais ou menos flexíveis. Para crianças bem pequenas, é importante que sejam priorizadas as atividades que envolvam o desenvolvimento motor. Brincadeiras como montar blocos, jogar bola, enrolar massinha de modelar e manusear tintas, pincéis, lápis e giz de cera, por exemplo, não devem ser substituídas por brinquedos eletrônicos. Contar histórias e incentivar a socialização com outras crianças também é muito importante para estimular a fala, a empatia e as habilidades sociais de um modo geral.
Isso não significa que a criança não possa brincar com aplicativos e jogos desenvolvidos para sua idade. A tecnologia também não deve substituir o cuidado de um adulto (ex: deixar a criança brincar com o tablet para que ela fique quieta em um quarto da casa), ou então servir como fator de evitação de um conflito (ex: distrair a criança com a televisão na hora das refeições ao invés de enfrentar alguma dificuldade alimentar).